A esperada recuperação na África Subsariana é mais lenta do que noutras regiões, levando a divergências cada vez maiores. (foto: peeterv by Getty Images)

A esperada recuperação na África Subsariana é mais lenta do que noutras regiões, levando a divergências cada vez maiores. (foto: peeterv by Getty Images)

Sete gráficos que mostram a África Subsariana num ponto decisivo

26 de outubro de 2021

Após uma contração sem precedentes em 2020, a África Subsariana deverá crescer 3,7% em 2021 e 3,8% em 2022. A recuperação é apoiada pelo aumento dos preços das matérias primas e a melhoria do comércio e das condições financeiras mundiais. Mas esta recuperação bem-vinda é relativamente modesta pelos padrões mundiais, levando a um aumento da disparidade de rendimentos em relação às economias desenvolvidas.

Sete gráficos extraídos da nova edição das Perspetivas Económicas Regionais mostram a realidade das previsões para a África Subsariana:

  • O ritmo de vacinação na África Subsariana é o mais lento do mundo, deixando a região vulnerável às repetidas vagas de Covid-19. Apenas 3% da sua população recebeu a vacinação completa, muito abaixo do nível necessário para atingir a imunidade de grupo. Embora esteja prevista a produção de cerca de 12 mil milhões de doses em 2021 no mundo inteiro, deverá levar mais de um ano antes que um número significativo de pessoas seja vacinado na África Subsariana.
     
  • A esperada recuperação é mais lenta do que noutras regiões, aumentando as divergências. As diferenças nas taxas de crescimento entre regiões deverão se manter a médio prazo, a meio a disparidades mundiais persistentes no acesso às vacinas e diferenças acentuadas na disponibilidade de apoio de políticas. Espera-se que as economias avançadas regressem à trajetória pré-crise até 2023. Em contrapartida, irá demorar para a África Subsariana recuperar o terreno perdido. Para igualar o tipo de recuperação observada nas economias avançadas, a região teria de crescer duas vezes mais depressa nos próximos três anos.
     
  • A pandemia também agravou as divergências preexistentes entre países da África Subsariana e dentro de cada país. Mesmo antes da pandemia, os países não ricos em recursos que têm uma estrutura económica diversificada estavam a crescer mais rapidamente do que os ricos em recursos. Mas esta brecha foi exacerbada pela pandemia, que pôs em evidência as principais disparidades em termos de resiliência. 
  • Do mesmo modo, a pandemia tem aumentado as divergências dentro de cada país, em termos de emprego, género, área geográfica de residência, estatuto socioeconómico e trabalhadores formais/informais. O aumento dos preços dos produtos alimentares, conjugado com a quebra dos rendimentos, também significa que as famílias têm de reduzir o consumo de alimentos, pondo em risco ganhos passados em matéria de redução da pobreza, nutrição, saúde e segurança alimentar.

  • Os países da África Subsariana estão a enfrentar um difícil trilema de política orçamental – equilibrando escolhas entre as necessidades urgentes de desenvolvimento, a contenção da dívida pública e a crescente resistência à mobilização de receitas fiscais. O cumprimento destes objetivos nunca foi fácil, mas a pandemia tornou-o ainda mais difícil. As necessidades de despesa da região estão a crescer e a tornar-se prementes à medida que a pandemia afeta a saúde, o emprego, a educação, o investimento em infraestruturas e os esforços de redução da pobreza. As alterações climáticas aumentam o ónus.
     
  • A África Subsariana é a região do mundo que menos contribui com emissões de gases com efeito de estufa – menos de 5% das emissões mundiais – mas é talvez a mais vulnerável aos choques climáticos. Um terço das secas do mundo já ocorre na África Subsariana e a sua dependência da agricultura pluvial torna-a particularmente vulnerável. As alterações climáticas podem também atuar como um multiplicador de conflitos e fragilidades, agravando tensões preexistentes, má governação e outras preocupações socioeconómicas. A adaptação às alterações climáticas e a ajuda aos esforços de atenuação ao nível mundial, exigirão novos e robustos mecanismos de financiamento climático.
     
  • A cooperação internacional continua a ser crucial. Sem ajuda financeira e técnica externa, as vias de recuperação divergentes entre a África Subsariana e o resto do mundo podem se tornar fissuras permanentes, pondo em risco décadas de progresso duramente conquistado. Até agora, organizações internacionais e doadores têm-se mobilizado rapidamente para apoiar a região. Em termos futuros, a canalização voluntária de Direitos de Saque Especiais (DSE) de países com posições externas fortes para os mais necessitados pode aumentar ainda mais o impacto da nova alocação de DSE. Se forem bem utilizados, estes recursos poderão moldar a via de recuperação pós pandémica da região.
  • Apesar dos anos difíceis que se avizinham, o potencial da região como fonte de procura mundial permanece inalterado. Nas próximas três décadas, a população mundial deverá aumentar em cerca de 2 mil milhões. Metade desse crescimento terá lugar na África Subsariana, uma vez que se prevê que a população da região duplique de cerca de mil milhões para 2 mil milhões de pessoas. Isto confere à região o potencial de uma das economias mais dinâmicas do mundo e um dos seus mercados mais importantes.