Kristalina Georgieva, Diretora-Geral do FMI, pede ações contínuas para lidar com a recuperação a duas velocidades

10 de julho de 2021

Veneza, Itália – 10 de julho de 2021. A Diretora-Geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, fez hoje a seguinte declaração ao término da reunião dos ministros das finanças e presidentes dos bancos centrais do G-20:

“Considero muito encorajadores os progressos significativos feitos pelo G-20 nesta reunião em relação a uma série de questões cruciais. Em especial, gostaria de reconhecer o apoio do G-20 ao acordo histórico sobre o imposto global mínimo sobre as empresas, que ajudará os países a preservar a sua base tributária corporativa e mobilizar receitas, ao garantir que empresas altamente lucrativas paguem sua parcela justa de impostos em todo o mundo.

Quero também parabenizar o G-20 pela ênfase nos riscos climáticos e no papel dos mecanismo de precificação do carbono. Durante a Conferência do G-20 sobre o Clima, no domingo, pretendo dar sequência à proposta de um piso internacional para os preços do carbono, que poderia acelerar consideravelmente a transição da economia mundial para um crescimento de baixo carbono.

O G-20 reconheceu a necessidade urgente de se preparar melhor para enfrentar futuras ameaças sanitárias e acolheu com agrado o relatório do Painel Independente de Alto Nível sobre o financiamento de bens comuns globais para a preparação e resposta a pandemias, comprometendo-se a trabalhar com as instituições financeiras internacionais e parceiros pertinentes para formular propostas de financiamento sustentável para reforçar a preparação e a resposta a futuras pandemias.

Gostaria também de expressar minha profunda gratidão pelo apoio do G-20 e dos nossos países membros à nova alocação de DES (Direitos Especiais de Saque) de US$ 650 bilhões, a maior da história do FMI e uma injeção de recursos para o mundo.

Em relação à economia mundial, a recuperação prossegue a um ritmo próximo do previsto em nossas projeções de abril, com crescimento de 6% este ano. Contudo, a divergência entre as economias está se intensificando. O mundo está, essencialmente, diante de uma recuperação a duas velocidades.

Nas principais economias avançadas e em algumas economias de mercados emergentes, a recuperação está ganhando força – impulsionada por uma combinação de vigoroso apoio das políticas fiscal e monetária e vacinação rápida; mas em muitos outros países – especialmente os mais pobres, sem acesso a vacinas e com taxas de infecção em alta – o crescimento está reprimido.

Com uma perigosa onda de uma variante altamente transmissível se propagando pelo globo, a pandemia ainda é o risco mais fundamental que o mundo enfrenta. São necessárias medidas urgentes em três áreas prioritárias.

Em primeiro lugar, acelerar a vacinação, para assegurar a imunização de pelo menos 40% da população de cada país até o fim de 2021 e de 60% até meados de 2022.

O Banco Mundial, a OMS, a OMC e o FMI, em estreita colaboração com o ACT-A, formaram um grupo de trabalho – um “comitê de crise” – para ajudar a cumprir essa meta, e saúdo calorosamente o apoio do G-20 em priorizar a aceleração da distribuição de vacinas, testes e medicamentos. Acelerar o acesso das populações de alto risco às vacinas poderia salvar mais de meio milhão de vidas este ano. E a volta às atividades normais em todas as regiões poderia injetar nove trilhões de dólares na economia mundial até 2025 – os 50 bilhões de dólares do plano de combate à pandemia representam uma fração ínfima desse valor.

Em segundo lugar, implementar políticas macroeconómicas sólidas, pois elas continuam a desempenhar um papel central para garantir a recuperação da economia.

A política fiscal deve proporcionar apoio bem direcionado às circunstâncias nacionais, de forma a proteger os mais vulneráveis e minimizar as sequelas. À medida que as economias superam a crise, o foco das políticas deve ser facilitar um crescimento mais forte, mais sustentável e mais inclusivo.

É preciso manter uma política monetária acomodatícia, uma vez que as pressões inflacionárias provavelmente serão passageiras. Mas se a alta da inflação se revelar mais permanente, algumas das maiores economias onde a recuperação está mais avançada poderiam ter de adotar uma postura mais restritiva antes do previsto. Os bancos centrais terão que comunicar claramente suas intenções de política monetária para não desencadear repercussões negativas. Caso o aperto das condições nos mercados financeiros ocorra antes do previsto, o FMI está preparado para auxiliar seus países membros a manter o rumo da recuperação.

Em terceiro lugar, intensificar o apoio aos países vulneráveis.

A nova alocação geral de DES do FMI, no montante de US$ 650 bilhões, reforçará as reservas dos países, criará espaço fiscal adicional para o financiamento da compra de vacinas e estimulará a confiança na recuperação. Para ampliar o impacto da alocação, passaremos rapidamente a analisar opções para que os países membros com economias mais sólidas utilizem voluntariamente seus DES para ajudar os países pobres e vulneráveis.

A expansão do PRGT, o Fundo Fiduciário para a Redução da Pobreza e o Crescimento, é uma opção de eficácia comprovada que nos permitirá oferecer apoio financeiro de médio prazo, sem juros, aos países de baixa renda. Estamos também estudando a opção de criar um novo Fundo Fiduciário para a Resiliência e Sustentabilidade que ajude os países mais vulneráveis na construção de um futuro melhor, por meio do financiamento para um crescimento mais verde, mais resiliente e mais sustentável a médio prazo.

Sou muito grata ao G-20 pela manifestação de apoio a tais medidas durante esta reunião. Houve apoio também a nossos esforços para ajudar os países que enfrentam níveis de dívida insustentáveis.

Nesse contexto, estamos colaborando com o Banco Mundial e outros parceiros para assegurar a implementação efetiva do Quadro Comum. É louvável o trabalho intenso desenvolvido pelos membros do Comitê de Credores do Chade, que proporciona uma base sólida para o alívio da dívida por parte dos credores privados e as garantias exigidas para concretizar o tão necessário financiamento pelo FMI e dos parceiros de desenvolvimento. Saúdo o pedido do G-20 para a formação em tempo hábil de um Comitê de Credores para a Etiópia para facilitar os progressos na avaliação do programa apoiado pelo FMI no país.

Por último, gostaria de felicitar o governo da Itália, o ministro da Economia e Finanças Daniele Franco e o governador Ignazio Visco por presidirem com grande êxito a primeira reunião híbrida do G-20 desde o início da pandemia. Gostaria também de agradecer à cidade e ao povo de Veneza pela calorosa e gentil hospitalidade de sempre.”

Departamento de Comunicação do FMI
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