O Conselho de Administração do FMI aprova 38,4 milhões de dólares a favor da Guiné-Bissau no âmbito do acordo de Facilidade de Crédito Alargado

30 de janeiro de 2023

Washington, DC . O Conselho de Administração do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou hoje um acordo de Facilidade de Crédito Alargado ( Extended Credit Facility, ECF) com duração de trinta e seis meses a favor da Guiné-Bissau no valor de 28,4 milhões de DSE (cerca de 38,4 milhões de dólares, isto é, 100% da quota).

A decisão do Conselho de Administração do FMI permite o desembolso imediato de 2,37 milhões de DSE (aproximadamente 3,2 milhões de dólares). Os desembolsos remanescentes serão escalonados ao longo da vigência do programa, sujeitos à realização inicial de duas avaliações trimestrais – de modo a assegurar uma estreita monitorização das reformas –, seguindo-se cinco avaliações bianuais.

O programa apoiado pela ECF pretende ancorar a estabilidade macroeconómica, voltando a colocar o orçamento nos trilhos e assegurando a sustentabilidade da dívida a médio prazo, enquanto continuam as reformas estruturais iniciadas no âmbito do Programa de Monitorização pelo Corpo Técnico 2021–2022. Isto irá proporcionar um quadro de assistência às autoridades na conceção e implementação de políticas eficazes destinadas a abordar os desafios de desenvolvimento, como sejam o reforço dos sistemas de educação e saúde, a promoção do crescimento inclusivo e a redução da pobreza. A política orçamental procurará reduzir o défice e a dívida de acordo com os critérios de convergência da União Económica e Monetária do Oeste Africano (UEMOA) a médio prazo, através da mobilização de receitas, da racionalização da despesa, da mitigação de riscos orçamentais e da contratação prudente de empréstimos. A implementação de outras medidas para melhorar a governação, incluindo o reforço da eficiência do quadro de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo, permitirão melhorar a gestão dos recursos orçamentais e do investimento público, aumentar a transparência e a prestação de contas, assim como combater a corrupção.

Outrossim, o programa ajudará a catalisar o indispensável financiamento dos doadores, designadamente sob a forma de subvenções e empréstimos em condições concessionais, e a apoiar a redução de vulnerabilidades ligadas à dívida.

O programa de políticas e reformas económicas da Guiné-Bissau, implementado no âmbito do Programa de Monitorização pelo Corpo Técnico 2021–2022, ajudou a manter a sustentabilidade macroeconómica e da dívida pública, bem como a reforçar a gestão das finanças públicas e a governação do setor público. Estima-se que, em 2022, o crescimento do PIB real tenha sofrido um abrandamento para aproximadamente 3,5%. Foi afetado negativamente por exportações da castanha de caju inferiores ao esperado, que baixaram sobretudo por causa de condicionalismos logísticos. O súbito aumento dos preços das matérias-primas decorrente da guerra da Rússia na Ucrânia acrescentou novas pressões sobre a inflação, em especial no que diz respeito aos bens alimentares e aos combustíveis. O crescimento foi suportado por uma maior produção agrícola, pelo investimento do setor privado e por uma relativa estabilidade política, que conseguiram compensar parcialmente o impacto do custo de vida em alta e do efeito negativo dos choques externos.

Na sequência da discussão do Conselho de Administração sobre a Guiné-Bissau, coube ao Senhor Li, na sua qualidade de Diretor-Geral adjunto e Presidente interino, proferir a declaração seguinte:

“Através da conclusão satisfatória de um Programa de Monitorização pelo Corpo Técnico que durou nove meses, a Guiné-Bissau mostrou estar fortemente empenhada na implementação das suas reformas numa conjuntura conturbada. Olhando para o futuro, embora se espere uma retoma económica, as perspetivas estão sujeitas a significativos riscos de deterioração associados a fraquezas internas, à fragilidade de longa data, à volatilidade nas exportações de caju e às repercussões da guerra da Rússia na Ucrânia que poderão ter um impacto adicional sobre os preços dos produtos alimentares e energéticos. O novo acordo de Facilidade de Crédito Alargado vem apoiar a recuperação económica e as políticas com vista a criar espaço orçamental e estabelecer despesas prioritárias, reduzir as vulnerabilidades da dívida e melhorar a governação e transparência.

Os objetivos do programa incluem uma consolidação orçamental conducente ao crescimento económico a par de reformas destinadas a melhorar a mobilização de receitas internas, reforçar a gestão das finanças públicas e o controlo da despesa salarial, mitigar os riscos orçamentais e salvaguardar as despesas sociais e prioritárias. É esperado das autoridades que façam progressos significativos no sentido de cumprir os critérios regionais de convergência orçamental e de fortalecer a gestão da dívida até ao termo do programa.

Reforçar a estabilidade e intermediação financeiras e lidar com os riscos do sistema financeiro também são aspetos importantes. A esse respeito, combater o elevado nível de empréstimos improdutivos (crédito mal parado) e assegurar uma desvinculação atempada e ordenada da banca subcapitalizada afigura-se fundamental.

A implementação de reformas que permitam reforçar a governação e os quadros anticorrupção será decisiva para o êxito do programa. As autoridades assumiram compromissos em matéria de transparência relativos à despesa de emergência no âmbito da COVID-19 – incluindo a publicação de auditorias externas e de informações sobre beneficiários efetivos. As autoridades irão igualmente acelerar a divulgação de beneficiários efetivos, a divulgação da propriedade, a modernização do regime declarativo do património e a melhoria do quadro do combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo. Prosseguir a diversificação económica é também essencial para reforçar a resiliência e alcançar um crescimento sustentável.

As autoridades estão empenhadas em cumprir o programa de reformas para assegurar uma sustentabilidade orçamental, fortalecer a governação e a gestão dos recursos públicos, mitigar os riscos orçamentais e contar com financiamento altamente concessional. O compromisso das autoridades perante o FMI através do acordo de ECF terá um efeito catalisador sobre o apoio concedido pelos parceiros de desenvolvimento e sobre o crescimento inclusivo. Tirar partido das atividades de desenvolvimento de capacidades do FMI apoiaria ainda a implementação de reformas.”

 

Guiné-Bissau: indicadores económicos e financeiros selecionados, 2019–27

2019

2020

2021

2022

2023

2024

2025

2026

2027

Est.

Proj.

(Annual percent change, unless otherwise indicated)

National accounts and prices

Real GDP at market prices

4.5

1.5

6.4

3.5

4.5

5.0

5.0

5.0

5.0

Real GDP per capita

2.3

-0.7

4.1

1.2

2.3

2.8

2.9

2.9

2.9

GDP deflator

-3.5

-1.0

2.7

7.2

4.1

2.8

2.8

2.8

2.8

Consumer price index (annual average)

0.3

1.5

3.3

7.8

5.0

3.0

2.0

2.0

2.0

External sector

Exports, f.o.b. (CFA francs)

-22.7

-15.6

35.2

-10.7

34.2

4.4

3.6

3.5

4.2

Imports, f.o.b. (CFA francs)

20.5

-9.9

9.7

12.8

12.6

4.7

4.3

3.7

4.5

Export volume

13.5

-13.8

25.5

-22.2

19.2

2.9

2.5

2.5

2.4

Import volume

12.8

-5.8

-5.9

-14.5

10.3

5.6

5.7

4.8

4.6

Terms of trade (deterioration = -)

-31.8

-3.9

-6.6

-9.8

2.7

2.6

2.6

2.2

2.0

Real effective exchange rate (depreciation = -)

-2.8

2.3

1.4

Exchange rate (CFAF per USD; average)

585.9

574.8

554.2

Government finances

Revenue excluding grants

9.2

-5.5

22.7

4.6

14.1

10.8

10.5

9.6

9.8

Domestic revenue (excluding grants and one-offs)

9.2

-5.5

22.7

4.6

14.1

10.8

10.5

9.6

9.8

Expenditure

-2.6

33.8

7.8

-3.3

2.7

5.7

8.4

7.3

9.6

Current expenditure

18.7

14.5

3.5

5.4

-4.4

4.3

6.5

7.9

8.6

Capital expenditure

-38.5

96.7

16.1

-17.9

18.2

8.3

11.6

6.3

11.2

Money and credit

Domestic credit

13.8

-1.7

18.5

3.4

11.2

12.9

11.1

6.7

5.9

Credit to the government (net)

13.8

-19.7

53.4

-5.1

6.4

5.7

3.2

-7.9

-9.2

Credit to the economy

13.8

5.9

7.3

7.3

13.2

15.6

13.8

11.3

9.9

Net domestic assets

12.0

-13.8

21.0

5.1

16.5

18.0

14.9

8.7

7.6

Broad money (M2)

0.3

9.1

21.2

6.1

6.0

7.0

6.9

6.0

6.2

(Percent of GDP, unless otherwise indicated)

Investments and savings

Gross investment

16.2

17.5

18.1

18.5

17.8

19.7

20.6

21.2

22.1

Of which: government investment

3.0

5.8

6.2

4.6

5.0

5.0

5.2

5.1

5.3

Gross domestic savings

2.4

3.2

7.4

4.3

4.8

7.2

8.3

9.4

10.6

Of which: government savings

-3.5

-7.6

-5.4

-4.3

-2.4

-1.6

-1.2

-1.3

-1.2

Gross national savings

7.6

15.0

17.3

12.6

13.1

15.2

16.3

17.0

18.1

Government finances

Revenue excluding grants

12.1

11.4

12.8

12.1

12.7

13.0

13.3

13.5

13.7

Domestic primary expenditure

13.5

16.0

14.7

14.9

12.9

12.4

12.6

12.8

12.9

Domestic primary balance

-1.4

-4.6

-1.9

-2.8

-0.2

0.6

0.7

0.7

0.9

Overall balance (commitment basis)

Including grants

-3.9

-9.6

-5.6

-5.5

-3.9

-3.2

-3.0

-3.0

-3.0

Excluding grants

-6.7

-13.6

-11.9

-9.5

-7.7

-6.9

-6.7

-6.4

-6.5

External current account

-8.5

-2.6

-0.8

-5.9

-4.7

-4.5

-4.3

-4.2

-4.0

Excluding official current transfers

-9.7

-5.7

-3.4

-8.0

-7.1

-6.9

-6.6

-6.2

-6.1

Stock of public and publicly guaranteed debt1

65.8

78.2

78.9

81.0

78.2

75.4

72.7

70.1

68.0

Of which: external debt

37.3

41.1

40.0

41.2

38.4

36.1

34.1

31.6

29.4

Memorandum items:

Nominal GDP at market prices (CFAF billions)

870.9

875.2

956.3

1061.1

1154.3

1245.9

1344.8

1451.6

1566.9

WAEMU gross official reserves (billions of USD)

17.5

21.8

24.5

(percent of broad money)

34.1

33.2

30.2

Sources: Guinea-Bissau authorities; and IMF staff estimates and projections.

1 Coverage expanded to include legacy arrears.

Departamento de Comunicação do FMI
RELAÇÕES COM A MÍDIA

ASSESSORA DE IMPRENSA: Nicolas Mombrial

TELEFONE: +1 202 623-7100Email: MEDIA@IMF.org