Perspectivas Econômicas para as Américas: Navegando um ambiente de condições financeiras mais restritivas

2 de novembro de 2022

  • A dinâmica de crescimento prossegue na América Latina e Caribe, e espera-se que a região cresça 3,5% em 2022. No entanto, em meio ao aperto das condições financeiras mundiais, a previsão é que o crescimento desacelere para 1,7% em 2023.
  • A inflação atingiu uma alta recorde em duas décadas e deverá diminuir gradualmente em resultado das medidas decisivas adotadas pelos bancos centrais da região.
  • A política monetária deve manter a orientação atual e evitar uma suavização prematura de suas medidas. A política fiscal, por sua vez, deve concentrar-se no fortalecimento das finanças públicas enquanto protege a população vulnerável do choque inflacionário.

Santiago, Chile: Os desdobramentos recentes na América Latina e Caribe foram dominados pelo impacto de dois choques mundiais distintos: a pandemia de COVID‑19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia. Um terceiro choque, o aperto das condições financeiras, agora está moldando as perspectivas para a região, segundo o mais recente relatório do FMI sobre as Perspectivas Econômicas para as Ámericas .

Após uma forte contração em 2020, a maioria das economias da América Latina e Caribe registrou uma forte retomada em 2021 e no início de 2022, com a ajuda da recuperação mundial, da normalização dos setores de serviços e condições externas favoráveis, incluindo os altos preços das commodities. O forte impulso registrado no início do ano levou a uma correção em alta do crescimento para 3,5% em 2022 – um aumento de meio ponto percentual face ao projetado em julho.

No entanto, as pressões inflacionárias se acumularam e se ampliaram em toda a região. No Brasil, no Chile [1] , na Colômbia, no México e no Peru, a inflação atingiu recentemente 10%, um recorde em duas décadas. A pronta resposta das autoridades monetárias da região – que elevaram as taxas de juros de forma bem mais prematura do que outras economias – ajudou a conter as pressões sobre os preços e a manter as expectativas de inflação de longo prazo ancoradas. No entanto, a inflação permanece alta e espera-se que diminua apenas gradualmente.

Em meio ao aperto monetário e financeiro mundial e, em sequência, à desaceleração do crescimento mundial e ao abrandamento dos preços das commodities, o crescimento na região deverá desacelerar para 1,7% em 2023 (0,3 pontos percentuais abaixo do previsto em julho).

Os riscos de deterioração da conjuntura dominam as perspectivas e decorrem de condições financeiras mais restritivas, de uma desaceleração mundial mais pronunciada e de uma inflação arraigada. Uma forte queda nos preços das commodities e agitações sociais são riscos importantes.

Como a inflação ainda precisa baixar e a maioria das economias ainda opera no seu potencial ou próximo dele, convém evitar uma suavização prematura da política monetária e é preciso manter a orientação atual. Ter de restaurar a estabilidade de preços mais adiante se a inflação fincar raízes seria muito oneroso.

O apoio fiscal implantado para mitigar o impacto da inflação sobre os mais vulneráveis deve ser acompanhado por medidas compensatórias, onde não houver espaço fiscal, mas também deve apoiar os esforços das autoridades monetárias para conter a inflação. Com o enfraquecimento das finanças públicas em muitos países e o aumento dos custos de financiamento, será fundamental reforçar os quadros fiscais colocando ênfase em políticas inclusivas, tais como as que visam proteger as famílias vulneráveis, para colocar de forma confiável a dívida pública em uma trajetória descendente e, ao mesmo tempo, assegurar a estabilidade social.

Para atingir estes objetivos em termos de políticas, será preciso impulsionar o crescimento no médio prazo, aumentando a produtividade e os investimentos público e privado de boa qualidade. As políticas devem concentrar-se em fortalecer o capital humano, simplificar e modernizar a regulamentação trabalhista e remover as barreiras à entrada e saída de empresas.

Departamento de Comunicação do FMI
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