EQUIPA DO FMI CONCLUI CONSULTA AO ABRIGO DO ARTIGO IV DE 2022 E 3ª E ÚLTIMA AVALIAÇÃO DO PROGRAMA MONITORIZADO PELO CORPO TÉCNICO

19 de abril de 2022

Os comunicados de imprensa emitidos no final das missões transmitem declarações de equipas do corpo técnico do FMI e contêm as conclusões preliminares destas após a visita a um país. As opiniões expressas nesta declaração são as do corpo técnico do FMI e não representam necessariamente os pontos de vista do seu Conselho de Administração. Com base nas conclusões preliminares da missão, o corpo técnico elaborará um relatório que, sujeito à aprovação da Direcção, será apresentado ao Conselho de Administração do FMI para debate e decisão.
  • O corpo técnico do FMI chegou a acordo com as autoridades sobre a conclusão da 3ª avaliação do programa monitorizado pelo corpo técnico (SMP - programa de referência), aprovado em Junho de 2021.
  • Continua a ser essencial uma gestão orçamental robusta para reforçar a sustentabilidade da dívida e lançar as bases para negociar um acordo de empréstimo com o FMI.
  • O crescimento económico sustentado a médio prazo assenta em mais reformas de governação e na diversificação da produção e da exportação.

Washington, DC: Uma missão do corpo técnico do FMI, liderada por Jose Gijon, reuniu virtual e fisicamente com as autoridades, entre 5 e 20 de Abril de 2022, no contexto das consultas ao abrigo do Artigo IV e da 3ª e última avaliação do program a de referência , com a duração de 9 meses, aprovado pela Direcção em Julho de 2021. A missão procurou avaliar os esforços em curso no sentido da construção de um histórico em ordem a um acordo ao abrigo de um Mecanismo de Crédito Ampliad o (ECF) em 2022.

No final da visita, Jose Gijon proferiu as seguintes declarações:

“O corpo técnico do FMI chegou a acordo com as autoridades sobre a conclusão da 3ª e última avaliação do programa de referência, sujeita à aprovação da Direcção do FMI. O desempenho e progresso reformista gerais foram robustos, apesar dos desafios criados pela pandemia da COVID-19 e aumentos nos preços dos produtos básicos globais, tendo sido respeitadas quase todas as metas quantitativas avaliadas no final de Dezembro de 2021, assim como os parâmetros estruturais.

A economia da Guiné-Bissau recuperou da pandemia de Covid-19. Estima-se que o crescimento tenha acelerado para 5% em 2021, devido à produção recorde de castanha de caju, ao investimento público em infra-estruturas, ao levantamento gradual das medidas de contenção da COVID e a uma situação política global mais estável. As perspectivas tornaram-se porém mais incertas dado o impacto potencial do aumento dos preços do petróleo e dos alimentos, resultante da guerra na Ucrânia, prevendo-se que o crescimento seja de cerca de 3¾ % em 2022, com uma inflação superior a 5% que afectará negativamente os mais vulneráveis.

A gestão orçamental sustentável é uma prioridade. A consolidação orçamental recente deve continuar em 2022, em conformidade com os objectivos orçamentais acordados, para conter o elevado risco de sobreendividamento público. Tal proporcionaria, conjuntamente com a conclusão bem-sucedida do programa de referência, um forte apoio às autoridades e contribuiria para congregar o apoio dos doadores, sendo igualmente essencial para criar mais espaço para despesas em áreas indutoras de crescimento tais como a saúde, incluindo a vacinação, a educação e infra-estruturas físicas. A equipa da Missão saúda e apoia a determinação das autoridades em controlar a massa salarial. Salienta igualmente a necessidade de atenuar os grandes riscos orçamentais decorrentes das empresas públicas, que podem criar avultadas obrigações financeiras para o Estado e comprometer a sustentabilidade da dívida.

Continuar a incidir sobre as debilidades da governação reforçará a política económica e a confiança empresarial. As reformas em curso visam potenciar a transparência das finanças públicas, a responsabilização e a eficiência, mediante melhorias na gestão da despesa e mobilização de receita interna. O estabelecimento gradual de uma Conta Única do Tesouro é essencial para a reforma da governação. O Governo deverá implementar o quadro revisto de contratação pública, aprovado em Conselho de Ministros, para garantir total transparência sobre as empresas adjudicatárias, seus beneficiários efectivos e suas entregas de bens e serviços. A aplicação do regime de declaração de bens, uma vez aprovado pela ANP, assim como o reforço dos recursos disponibilizados ao Tribunal de Contas e para ABC/CFT podem constituir factores significativos no reforço da governação.

A diversificação económica é chave do programa de desenvolvimento. A economia é excessivamente dependente da produção e exportação de castanha de caju, o que deixa o país altamente exposto a flutuações nos preços internacionais e às condições climáticas locais. A diversificação da produção e das exportações pode contribuir para maior e mais sustentável crescimento, havendo oportunidades numa série de áreas como sejam a agricultura, indústrias transformadoras, recursos naturais e turismo. O aproveitamento destas oportunidades carece da resolução dos constrangimentos que até à data impediram a diversificação, incluindo prover às necessidades do capital humano, melhorar o ambiente regulamentar, encorajar o aprofundamento financeiro, eliminar estrangulamentos infraestruturais e preservar a estabilidade política.

A equipa do FMI reuniu com S. Exas. o Presidente Sissoco Embaló, Primeiro-Ministro Nuno Nabiam, membros da Comissão de Economia da ANP, Vice-Primeiro Ministro Soares Sambú, Ministro das Finanças João Fadiá, Ministro do Ambiente e Biodiversidade Viriato Cassamá, Ministro da Energia, Indústria e Recursos Naturais Orlando Viegas, Ministro da Administração Pública, Trabalho, Emprego e Segurança Social Cirilo Djaló, Directora Nacional do BCEAO Helena Embaló e com o Presidente do Tribunal de Contas Tidjane Baldé. Sob a presidência do Vice-Primeiro Ministro e com a participação de 8 Ministros e Secretários de Estado, teve lugar um seminário sobre os desafios macroeconómicos. A equipa reuniu também com quadros superiores dos Ministérios das Finanças e da Economia, da Direção Nacional do BCEAO, do Instituto Nacional de Estatística, do Alto-Comissariado para a COVID-19, da CENTIF e outros altos funcionários, e ainda com representantes de várias empresas dos sectores privado e público assim como de parceiros-chave bilaterais e internacionais, visitando igualmente o Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau.

A equipa agradece às autoridades pela sua abertura e construtivos debates, confiando numa continuada estreita cooperação que prepare o caminho para um acordo ao abrigo de um Mecanismo de Crédito Ampliado (ECF) em 2022.”

Hiperligações-chave: a Guiné-Bissau e o FMI

Departamento de Comunicação do FMI
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