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Novos dados sobre a dívida mundial: um mergulho nos números dos países

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A nova atualização da base de dados do FMI sobre a dívida mundial ( Global Debt Database ) mostra que o total da dívida pública e privada atingiu US$ 188 trilhões no fim de 2018, US$ 3 trilhões a mais do que em 2017. A relação global média entre a dívida e o PIB (ponderada pelo PIB de cada país) subiu ligeiramente para 226% em 2018, 1½ ponto percentual acima do ano anterior. Embora esse tenha sido o menor aumento anual do coeficiente da dívida mundial desde 2004, um exame mais profundo dos dados de cada país revela vulnerabilidades crescentes, sugerindo que muitos países talvez não estejam bem preparados para a próxima fase de contração da atividade econômica.

Nas economias avançadas, o coeficiente médio da dívida recuou, mas não há sinais claros de um esforço significativo para reduzir o endividamento. Nas economias de mercados emergentes e nos países em desenvolvimento de baixa renda, o aumento dos coeficientes médios da dívida foi mais acentuado, com destaque para a China, cujo coeficiente do total da dívida chegou a 258% do PIB no fim de 2018, o mesmo que o dos Estados Unidos e próximo à média das economias avançadas, de 265%.

Nenhuma grande mudança em 2018

A redução do coeficiente da dívida mundial em 2017, da qual tratamos em nosso blog anterior , não marcou o início de uma tendência de queda. Em 2018, esse coeficiente subiu minimamente em relação ao nível de 2016.

Ao examinarmos as tendências gerais, observamos dois grupos distintos:

Crescem as vulnerabilidades sob a superfície

Um exame detalhado dos números revela a seguinte dinâmica:

Ao contrário do que se viu antes da crise financeira mundial, os riscos não estão concentrados apenas no setor privado, mas também no setor público, refletindo em parte o legado não resolvido da crise. Conforme discutido no relatório Fiscal Monitor de outubro de 2016 , os níveis excessivos de dívida privada aumentam a vulnerabilidade a choques e podem levar a um processo abrupto e dispendioso de redução da dívida. Mas reduzir a dívida no setor privado, por sua vez, também pode constituir um peso para um setor público já superendividado caso uma queda da produção leve à diminuição das receitas ou a inadimplência das empresas gere prejuízos e limite a oferta de crédito bancário. Assim, é importante reduzir essas vulnerabilidades antes do próximo choque adverso.

Agradecemos a Juliana Gamboa Arbelaez, Virat Singh e Yuan Xiang a assistência inestimável na pesquisa.

Nota: No texto e nos gráficos, o coeficiente médio da dívida de um grupo de países é calculado ponderando a relação dívida/PIB de cada país pela participação do PIB desse país no PIB agregado do grupo. Para calcular o PIB agregado de um grupo, o PIB de cada país é convertido em dólares norte-americanos à taxa de câmbio média do período.