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Quando se trata dos bancos centrais da América Latina, as palavras às vezes valem mais que as ações.
O motivo é que o público e os investidores se baseiam nos comunicados dos bancos centrais para tomar decisões econômicas e financeiras. Assim, a comunicação clara e consistente do banco central sobre suas decisões de política e as perspectivas econômicas é essencial para guiar as expectativas do mercado .
Este gráfico da semana, extraído do relatório Perspectivas Econômicas Regionais: As Américas , mostra que não se trata apenas do volume de comunicações dos bancos centrais, mas também da qualidade e clareza das informações. Tomando como base artigos do caderno de economia da imprensa local para comparar a facilidade de leitura e a clareza da comunicação, constatamos que os bancos centrais do Chile e da Colômbia melhoraram a comunicação ao longo dos anos.
Em comparação com os demais países, os comunicados de imprensa do banco central chileno receberam pontuação máxima no quesito facilidade de leitura.
Qualidade antes da quantidade
Na América Latina, as comunicações dos bancos centrais são em geral similares e consistem principalmente de comunicados de imprensa, atas de reuniões de política monetária, relatórios trimestrais sobre as perspectivas de inflação e audiências no congresso.
Recentemente, passou-se a atribuir maior importância à transparência dos bancos centrais em toda a região. Por exemplo, no Brasil e no México, os comunicados de imprensa são hoje mais detalhados, com explicações mais extensas sobre as políticas e os riscos inflacionários.
A transparência é positiva, mas documentos densos e prolixos, não: eles tendem a ser confusos para o leitor e podem aumentar a incerteza sobre as futuras medidas de política. Nesse sentido, constatamos que, quando os bancos se comunicam numa linguagem mais acessível ao público em geral, suas decisões de política monetária são consideradas mais previsíveis e confiáveis.
Contribuem para isso declarações mais breves, com palavras mais simples e frases mais diretas. Por exemplo, verificamos que os textos dos comunicados de imprensa dos bancos centrais do Chile e do Peru são relativamente mais curtos que os de outros bancos centrais da região. Não é de surpreender, portanto, que as comunicações desses países sejam mais fáceis de ler, como mostra o gráfico.
Como se comunicar
Então, o que os bancos centrais da região podem fazer para se comunicar melhor? Precisam ser mais transparentes e oferecer aos mercados orientação explícita e clara sobre:
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A evolução recente da economia interna e externa e as perspectivas do banco central para o crescimento, a inflação e o desemprego
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O balanço de riscos para as perspectivas de inflação
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O rumo das políticas (ou seja, se as taxas de juros vão subir ou descer)
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A direção condicional futura da política monetária
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Os objetivos do banco central
Reforçar a transparência através de comunicações melhores é vital para os bancos centrais, pois a transparência ajuda a aumentar a previsibilidade das políticas.
Com previsibilidade, o público consegue antever as decisões do banco central, o que contribui para alinhar melhor as expectativas inflacionárias do público a médio prazo com os objetivos do banco central. Isso reforça o impacto das mudanças na política monetária e dá mais credibilidade aos bancos centrais.
A transparência e as comunicações não são uma panaceia, mas, em última análise, adotar essas estratégias pode ajudar a fortalecer os bancos centrais na América Latina.
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Juan Yépez , cidadão equatoriano, é economista na Divisão de Estudos Regionais do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI. Anteriormente, trabalhou na Divisão de Estudos Econômicos Internacionais do Departamento de Estudos e como economista encarregado da Bolívia e do Paraguai no Departamento do Hemisfério Ocidental. É doutor em Economia Internacional pela Universidade de Notre Dame. Seus estudos têm como temas mercados financeiros, política monetária e macroeconomia e finanças internacionais.